A sensação de não pertencer a nada, de não estar perto o
suficiente de ninguém é esmagadora, é impossível controlar os soluços que pulam
no peito.
As coisas poderiam ser mais simples. No meio disso tudo, eu
fico só no nada, é impossível resistir a sensação de desespero que transborda como
as lágrimas dos olhos.
Respirar fundo já não tem o mesmo efeito de antes. Antes,
era só olhar para o céu, ver as estrelas, a lua ou o azul intenso durante um
dia de sol, ou uma tarde laranja, as nuvens cor-de-rosa cuidadosamente
perfeitas no crepúsculo, ou talvez o vento brincando com as árvores e tocando
de leve meu rosto. O cheiro de água ou cheiro que água e terra tem depois de um
dia quente. Sentir os pés no chão. Poder andar sem compromisso, sem ter rumo
certo, sem precisar de nada, fazer só pela sensação que dá.
Sentir, eis algo que eu não sei o que é há tempos. Algo tão
estranho, tão subdividido. Quando se sente o fogo entre os dedos, não é como se
sente quando alguém segura sua mão. Quando o fogo encosta-se a meus dedos nota-se,
instantaneamente, que é ruim e que faz mal, porém quando outro alguém entrelaça
seus dedos nos meus, uma confusão mental começa, bom, ruim, bom. Ruim? Bom.
Bom? Ruim.
E antes que eu possa ter a resposta enlouqueço e sucumbo a
vontade esmagadora de não querer saber mais. A vontade de que o melhor mesmo, é
não sentir. Pois assim, não teria mais dúvidas, sem perguntas e simples assim,
eu fico bem. E mais máscaras são sustentadas novamente.
Pois sentir dá trabalho, e pensar não é mais opção, pois
pensar não é algo que se possa fazer quando se sente, não é algo que ajude a
definir muita coisa. Sentir é irracional. Como alguém pode fazer seu coração
bater mais forte? Um arrepio subir sua espinha? Como o saber que alguém esta
bem te deixa bem e “feliz”. Se é que isso existe.
Sentir é tão surreal. E ainda mais. Intolerável. Como
sentir? Não posso, porque não tenho motivos para isso. Simplesmente isso.
E mesmo assim eu sinto, pois não tenho motivos para não
sentir.
Gwen Bridge
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